O nome da mãe do Kevin não podia ser mais adequado: Eva. Lembrar da “primeira mãe”, progenitora de Caim e Abel, torna mais fácil a identificação de Eva Katchadourian como símbolo das dificuldades que enfrentamos em nossos relacionamentos com os filhos. Não basta amá-los, querer o seu bem, precisamos acertar todo dia.
Se fôssemos perfeitas, bem-humoradas, tranquilas, generosas, abertas ao diálogo, sempre disponíveis para acolher e só corrigir no tom e na medida certa, a vida seria mais fácil para todos. O mundo seria o paraíso. Talvez nem houvesse Cains e Kevins!
Mas não fomos criadas dessa maneira, tendemos a repetir os erros familiares e inventar uns outros. A luta nossa de cada dia é combater sem trégua os próprios maus hábitos e temperamento. Melhorar como pessoa é nossa primeira missão.
No filme de Lynne Ramsay, Kevin parecia amar o pai e odiar a mãe. Ao final viu-se que não era bem assim. Se não eliminou a mãe é porque era aquela que escolheu como interlocutora e platéia, aquela que procurava desvendá-lo. Os outros não significavam nada para Kevin. Isolado, enrolado em seus pensamentos e sentimento de soberba, pensava entender tudo e ver o mundo pela única ótica possível. Preso, provavelmente apanhando e sofrendo na prisão, já não estava tão seguro do acerto de seu raciocínio.
Observar, ninar, ouvir, brincar, partilhar nosso mundo interior, orientar nos estudos, exigir, inspirar e corrigir os filhos, é tudo o que podemos fazer. Além, é claro, de rezar sempre por eles. Foi alguém muito esperto quem disse: “Mães de joelho, filhos de pé”. A oração nos acalma e realiza alguns milagres! Certamente é o que pode nos trazer serenidade e inspiração.
2 comentários:
Querida irmã, o filme é tenso e prende o espectador até o fim. Não daria as 3 estrelas, pois senti falta de mais dados para entendermos o Kevin. Bjk do mano
Concordo Felippe, o Kevin precisava de mais explicações. Nem toda criança mimada que tem dificuldades de se relacionar se torna psicopata. Um dos melhores filmes para exemplificar a gênese da doença mental é "Spider", com Ralph Fiennes. Pesado mas muito bom!
A 3ª estrela do Kevin talvez possa ser atribuída a minha satisfação por ver um filme de gabarito depois de uma série de experiências pouco inspiradas.
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