quinta-feira, 21 de julho de 2011

Doceira Brasileira - Livros Antigos

Mulher Lendo, de Mary Cassat

De vez em quando é preciso arrumar os livros.  Em nossa casa são numerosos, provenientes de vários acervos, herdados de parentes falecidos ou de ex-moradores, que carregaram só os volumes favoritos ao se mudaram para outra casa ou país.  Alguns exemplares estão já velhinhos, as folhas escurecidas quase se desfazendo ao toque.  Durante a arrumação em nova estante, notei um desconhecido 'Doceira Brasileira', a capa vermelha meio solta, publicado em 1856 por Eduardo & Henrique Laemmert (Rua da Quitanda, 77).  A antiga proprietária do pequenino livro escreveu seu nome em letra elegante e - felizmente tenho mãe viva - pude identificar Olympia Carneiro como minha tataravó (avó da minha avó).

Folheando as receitas me chamou a atenção a grafia tão diferente, as medidas às vezes imprecisas, e os termos que nem sempre se conseguem identificar.  Seguem dois exemplos, tais quais lá se encontram.

Biscoutos do Rio Grande

Amassem uma libra de farinha de trigo com uma libra de bom fermento, e ajuntem-lhe dous ovos, e alguma gordura de vacca derretida: logo que a massa estiver prompta, formem os bolos, e vão para o forno, que deve estar a calor como para cozer pão.

Frangos Doces

Assem-se dous frangos; tomando o pingo deitem-se em uma libra de assucar em meio ponto, com meia libra de amendoas bem pisadas; e o mesmo pingo dos frangos: cozão-se, e em estando promptos, e com a calda grossa, deitem-os n'um prato, sobre fatias de pão, com a calda e canela em pó por cima.

O que será o 'pingo dos frangos' e 'gordura de vacca' derretida?  A gordura não deve ser manteiga, mencionada com esse nome em outras receitas...  Foram essas coisas que me fizeram sorrir nessa manhã empoeirada, passada entre tantos livros.

sábado, 9 de julho de 2011

Papel Crucial do Fracasso e da Imaginação

de Susan Andrews (Revista Época)

J. K. Rowling
Pode ser que alguns de vocês sejam fãs de Harry Potter. Outros talvez estejam intrigados com uma autora que, em apenas cinco anos, deixou de estar desempregada, deprimida e cogitando o suicídio para se tornar a primeira pessoa a ficar bilionária escrevendo livros. Gostaria então de compartilhar com vocês a recente palestra de formatura na Universidade Harvard feita por J.K. Rowling, autora da série Harry Potter.

Dirigindo-se a um privilegiado grupo que celebrava seu triunfo acadêmico, ela anunciou que falaria sobre os benefícios do fracasso. Um assunto no qual era versada, uma vez que, como revelou, sua experiência de pobreza “não havia sido nem um pouco enobrecedora, pois essa condição gera medo, estresse e algumas vezes depressão”. “Pobreza significa ter de passar por milhares de mesquinhas humilhações e dificuldades”, disse. “A pobreza é romantizada apenas pelos tolos.” Sua experiência de fracasso incluiu um casamento que implodiu em um ano, ser mãe solteira diagnosticada com depressão clínica e “tão pobre quanto possível na Inglaterra, sem chegar a ser uma sem-teto”. Esse período pesado serviu de inspiração para que ela criasse os personagens chamados “Dementadores” – as vis e malévolas criaturas encapuzadas, que proliferam como fungos nos locais mais obscuros, cujos beijos sugam a alma de suas vítimas.

Por que escolher o fracasso como tema, especialmente para uma turma de graduandos repleta de esperanças? “Fracassar significou extirpar o que não é essencial”, disse Rowling. “Parei de fingir ser alguém que não fosse o que eu mesma era. Fui libertada, porque meu maior medo já havia acontecido, e eu ainda estava viva. Tinha uma filha que adorava, uma velha máquina de escrever e uma grande idéia. O fundo do poço se tornou a sólida fundação sobre a qual reconstruí minha vida.”

Os benefícios do fracasso foram sua primeira mensagem. E a segunda? Foi a crucial importância da imaginação. Para Rowling, a imaginação não se restringe simplesmente a um malabarismo fantasmagórico de uma mente fértil que, como a dela, criou gatos que podem detectar uma mentira e unicórnios com sangue prateado. Ela se referiu à imaginação “num sentido mais amplo: uma capacidade reveladora e transformadora, um poder que nos possibilita ter empatia pelas pessoas cujas experiências jamais vivenciamos”.
Eis a lição que a criadora de Harry Potter deu à turma de formandos de Harvard
Depois falou sobre “uma das maiores experiências de formação” de sua vida: seu trabalho na Anistia Internacional, ONG de direitos humanos sediada em Londres. Ali, ela recebeu diariamente cartas e fotos que descreviam execuções, desaparecimentos, seqüestros e estupros. Entrevistou incontáveis vítimas de torturas, como o jovem africano que tremia incontrolavelmente enquanto descrevia a brutalidade a que fora submetido e que quase o enlouqueceu.

Rowling então começou a ter pesadelos sobre as evidências que ela via, todos os dias, das “maldades que os humanos infligem a seus pares, para ganhar ou manter poder”. Na Anistia, ela também aprendeu mais sobre a benevolência do ser humano. Sobre o poder da empatia, que inspira indivíduos de todas as partes do mundo a se mobilizarem para libertar prisioneiros injustamente encarcerados e salvar a vida de pessoas que jamais encontrarão.

Com vocês, caros leitores, que, como os graduandos da turma de Harvard, são suficientemente privilegiados por ler esta revista, compartilho as palavras de encerramento de J.K. Rowling: “Se vocês optarem por usar seu status e influência para elevar sua voz em prol daqueles que não têm voz; se vocês optarem por se identificar não somente com os poderosos, mas também com os desamparados; se vocês mantiverem a capacidade de se imaginar na vida daqueles que não têm suas vantagens, então não serão apenas suas famílias que celebrarão seu triunfo, mas também milhares de pessoas cuja realidade vocês ajudaram a transformar para melhor. Não precisamos de mágica para mudar o mundo, já carregamos conosco todo o poder necessário para isso: temos o poder de imaginar o melhor”.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Atlantis Inicia Viagem Final

Atlantis e seus quatro astronautas deixaram hoje a Terra para a última viagem do ônibus espacial.  Esta missão de 12 dias encerra um programa de 30 anos que explorou o espaço, lançou grandes observatórios, construiu uma Estação Espacial Internacional e nos ensinou mais como os humanos podem viver e trabalhar no espaço.  (NASA)

No futuro, os americanos recorrerão às naves russas para seus projetos.  Quem poderia imaginar tal cenário há 50 anos?  Na época a conquista do espaço era um dos itens vitais da Guerra Fria.  Em 12 de abril de 1961, o astronauta Yuri Gagarin, a bordo da nave Vostok I, deu a volta ao redor do nosso planeta e contou que "A Terra é azul".  Os americanos não sossegaram enquanto não colocaram o homem na Lua.  Em 20 de julho de 1969, a Apollo 11 levou até nosso satélite Michael Collins, Edwin 'Buzz' Aldrin e Neil Armstrong, comandante da missão e primeiro ser humano a pisar na superfície lunar.  Depois de décadas de competição, é muito agradável testemunhar essa época de cooperação.

Buzz Aldrin fotografado por Neil Armstrong

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