segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Compreendendo a Alma Humana

Padre Paulo M. Ramalho
Na filosofia há uma matéria que se chama antropologia filosófica. Antigamente se chamava filosofia do homem. Essa é uma matéria que deveria ser do estudo básico de todas as pessoas, pois ela trata da alma humana e, sem o seu conhecimento, não conseguimos nos entender. Todos nós deveríamos ter alguns conhecimentos, ao menos elementares, de filosofia e de psicologia.

Sucintamente, podemos dizer que a alma humana é formada por três elementos fundamentais: inteligência, vontade e sentimentos.

A inteligência é uma faculdade espiritual da alma que nos leva a conhecer a verdade e o bem.

A vontade é uma faculdade espiritual da alma que nos leva à realização do bem captado pela inteligência.

Os sentimentos são uma faculdade da alma que nos permite ter emoções, paixões e todos os tipos de sensação: tristeza, alegria, saudade, inveja, compaixão, ódio, medo, ânimo, desânimo etc.

Um exemplo pode ilustrar como esses elementos se combinam. Imaginemos que alguém decida montar uma empresa. A inteligência nos mostra que aquilo é um bem. A vontade, por sua vez, é o que nos moverá a criar a empresa. Os sentimentos, por outro lado, são as sensações que nos vêm quando pensamos na realização dessa ação: a sensação de alegria, de vibração, de entusiasmo etc, ou, ao contrário, dependendo da pessoa e das circunstâncias, de temor, de medo, de insegurança etc.

Esquematicamente, dizemos que a alma humana pode ser representada por um triângulo como o que é ilustrado abaixo.
Alguém poderia dizer: mas por que os sentimentos estão representados na parte inferior da alma? Essa pergunta é muito importante. Eles estão representados na parte inferior da alma por dois motivos:

a) porque na vida humana o mais importante é “ver e fazer o bem”

O mais importante não é “sentir desejo” de fazer o bem, mas fazer o bem. O mais importante não é “sentir ânimo” para fazer o bem, mas fazer o bem. Muitas vezes não temos o menor ânimo, o menor desejo de fazer o bem, mas a realização do bem está acima do que sinto ou não sinto. Ex.: a mãe que acorda de madrugada para dar de mamar ao seu bebê muito provavelmente não sente o menor ânimo de realizar essa tarefa, mas dar de mamar ao seu filho é mais importante do que aquilo que ela sente ou não sente.

Obs.: um erro linguístico que costumamos cometer é este: “Não sinto a menor vontade de fazer algo”. Propriamente falando, a vontade não é sentida, mas sim os sentimentos. Portanto, o certo seria dizer: “Não sinto o menor ânimo para fazer algo”.

b) nem sempre o que nós sentimos é certo

Ex.: sentir desejo de matar alguém, sentir desejo de comer mais um pedaço de pizza quando não nos convém, apaixonar-se por alguém que está casado etc.

Portanto, não podemos dar muita importância aos sentimentos. Existem pessoas que pensam que o que sentem é o mais importante, e isso é um erro. Também há pessoas que enxergam a realidade de acordo com o que estão sentindo, e isso é muito perigoso. Não podemos pensar com os sentimentos nem nos pautar por eles, porque são só uma ajuda para a realização do bem.

Por fim, uma pessoa equilibrada é aquela cujas faculdades da alma estão na posição indicada acima. Uma pessoa equilibrada é aquela que nem pensa de mais nem pensa de menos, nem atua de mais nem atua de menos. É aquela cujos sentimentos nem estão em ebulição nem estão no fundo do poço. Uma pessoa equilibrada, por fim, é a que procura fazer o bem e educa os sentimentos para que estejam de acordo com a realização do bem.

Uma santa semana a todos!

Pe. Paulo M. Ramalho - Sacerdote ordenado em 1993. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce; Capelão do IICS (Instituto Internacional de Ciências Sociais). Atende direção espiritual na Igreja de São Gabriel, em São Paulo.
Contatos: e-mail falar.paulo@gmail.com - site: Fé com Virtudes

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Caminho da Longevidade

Uma pessoa pode fazer a si mesma feliz, ou miseravelmente infeliz, independentemente do que está acontecendo fora, apenas mudando os conteúdos da consciência
MIHALY CSIKSZENTMIHALYI

"Nosso estado emocional, atitudes e crenças têm relação direta com a nossa saúde. A vida é um processo de escolhas contínuas e diárias, muito pessoais e particulares, e à medida que o tempo passa cada um de nós vai tecendo a teia de suas experiências. Quanto mais alguém for consciente de sua própria responsabilidade na criação dessas experiências, mais força terá para mudar suas atitudes."

O cardiologista Jairo Mancilha e o psiquiatra Luiz Alberto Py entrevistaram um grupo de pessoas longevas a respeito de seu estilo de vida. Analisaram a saúde física, mental e emocional de 19 homens e mulheres que chegaram e passaram dos 90 anos esbanjando vitalidade. Os médicos verificaram o que essas pessoas tinham em comum, e o resultado já é conhecido pela maioria: exercício, alimentação saudável, otimismo, permanecer ativo e útil aos outros, aprender a perdoar e manter viva a sua espiritualidade.

"O famoso médico Kenneth Cooper, autor de diversos livros sobre a manutenção da saúde através de exercícios, publicou em 1995 um livro intitulado It's Better to Believe (publicado no Brasil em 1998 sob o título É Melhor Acreditar). O nome do livro diz tudo a respeito de seu conteúdo." 

A experiência de Cooper e de outros autores constata que existe um forte elo entre a fé e a saúde. O desenvolvimento da espiritualidade faz parte do processo de harmonização do ser humano. Vale a pena dar atenção a seus valores e crenças. No topo da lista das virtudes que devemos exercitar está a caridade, a "manifestação mais pura do amor ao próximo. Temos uma tendência natural para o amor como fonte de vida. É difícil imaginar como alguém possa ter uma vida longa e feliz sem amor em seu coração."

(O Caminho da Longevidade - Jairo Mancilha, Luiz Alberto Py, editora Rocco, 2001)

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